segunda-feira, 15 de abril de 2013

Vida

Nasci de um oceano profundo, nadei até submergir, me transformei numa correnteza e desaguei como um rio em processo de vir a ser. Encontrei outros rios mais fortes que me impulsionavam, outros tive que impulsionar, uns tinham águas mais claras, outros mais escuros. Nesses encontros tornei-me uma maré alta, de mistura, houve dias que transbordei pelo excesso dessa natureza de superar as barreiras do meu caminho. Aprendi guardar em mim aquilo que amo, que permito manter vivo na minha efluente, o que me poluí tento levar para costa para apartar-se da minha superfície. Sou criado pela água, e tenho em mim uma vida que persiste morar em mim. O sol me fita, e a lua é a que me dá, e o que recebo dela leva tempo para ser decifrado. Vivo aprendendo! Essa vida me afeta com o seu poder. Na fúria sou as reações das tempestades, e na paz sou apenas ondas de uma praia. Em outros casos me deparo com as lágrimas do céu sobre a terra caindo como chuva, e acabo sentindo uma dor que não é minha. Passa a vir morar em mim! O que faço com ela? Estou vivendo para saber... As vezes me pergunto o porquê da minha criação? Deve ser para cultivar em mim os mundos de outros mundos! Sou assim, tão profundo quando possível de ser alcançado, e tão raso quando difícil de ser encontrado. No fundo do oceano há segredos que nem sempre são decifrados! Kleber Mantana